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Andropausa
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Tratamento para Andropausa

A menopausa, caracterizada pela irreversível parada da ovulação na mulher, marca o fim do período fértil feminino. O análogo, ou seja, a parada da produção de espermatozóides no homem não existe. Na realidade, existem relatos de homens na nona década que conseguem reproduzir. No entanto, o homem experimenta um declínio gradual de suas funções hormonais, sobretudo na diminuição do hormônio sexual circulante e na produção de espermatozóides.

O termo andropausa não é tão recente. Werner em 1939 foi o primeiro a descrever o climatério masculino como sendo um paralelo a menopausa. Este mesmo autor descobriu que os sintomas relacionados com o processo eram secundários a alterações hormonais. Recentemente vários investigadores comprovaram que as alterações hormonais no homem ocorrem mais tardiamente em comparação com a mulher e são fenômenos mais ocasionais.

A diminuição da função testicular, associada a sinais de diminuição da virilidade como, diminuição da libido, queda de cabelo, perda de massa muscular e vigor físico, acrescidos a sinais de distonia neurovegetativa como, nervosismo e insônia podem culminar com o equivalente a menopausa na mulher, isto é, a menopausa masculina. Não acho este termo “menopausa masculina” adequado. Outras definições foram propostas como “climatério masculino” e “andropausa”, mas talvez o mais apropriado seja o termo “Deficiência androgênica do envelhecimento masculino (DAEM)”. Independente da terminologia utilizada é consenso de que o homem idoso apresenta uma diminuição da função testicular que ocasiona um declínio de seu hormônio sexual circulante e como conseqüência, uma série de fatores que alteram a sua qualidade de vida.

Testosterona

A testosterona é um hormônio secretado pela célula de Leydig do testículo. Este hormônio também é produzido pelas glândulas adrenais, que ficam posicionadas acima dos rins, mas o volume é baixo e de pouca importância clínica. A secreção de testosterona inicia-se na fase embrionária, com um pico em 12 semanas de gestação. Existe um outro pico logo ao nascimento e posteriormente, um nível baixo comparável a mulher até a puberdade. Nesta fase existe um aumento da produção de testosterona responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários: alteração da voz, crescimento de pelos e barba e desenvolvimento do pênis e escroto. Também tem um efeito anabolizante ao aumentar a massa muscular. Nos homens existe um decréscimo dos níveis de testosterona com a idade, cerca de 1% ao ano.

Embora seja consenso de que um declínio dos hormônios sexuais ocorre em homens idosos independentemente de seu estado de saúde, é provável que o meio ambiente traga influências positivas (estimulação) e negativas (supressão) neste processo. Estes fatores ambientais podem ser físico (temperatura, luz, ruído e irradiação), químico (tóxico), biológico (virus e microorganismos), comportamental (alcoolismo, tabagismo e drogas alucinógenas) ou sócio-econômico (nutrição e higiene). Além do efeito agudo, a repetição e o acúmulo gerado por todos estes fatores estressantes, durante uma vida inteira, leva a uma progressiva perda das funções fisiológicas do organismo. É notório que homens com seqüelas de doenças crônicas (cardiovascular, pulmonar, hepática, etc) apresentam um efeito negativo nos níveis de testosterona e que, nestas circunstâncias, o declínio androgênico é mais acelerado.

Função sexual

Segundo vários estudos, a incidência de disfunção erétil ou dificuldade de ereção aumenta com a idade. Embora doenças crônicas tenham um papel relevante neste incremento, alguns estudos mostram que existe um declínio da função sexual mesmo em homens sadios. Na realidade, a queda da atividade sexual nos homens após os 50 anos ainda não está bem esclarecida. Alguns estudos mostram que o envelhecimento e as alterações hormonais estão mais diretamente relacionadas com atividade sexual de que com libido. Desinformação, falsa expectativa e atitude derrotista são alguns fatores que podem contribuir para a disfunção sexual do idoso.

A testosterona exerce um papel secundário no declínio da sexualidade masculina no idoso. Alguns agentes inespecíficos como saúde deficiente e queda de mobilidade, aumento da incidência de doenças crônicas, considerações da parceira e aumento de disfunção neurológica contribuem para esta diminuição da atividade sexual do homem idoso.

Reposição Hormonal

Gostaria de esclarecer de que a reposição hormonal do qual sou defensor em nada se compara ao uso abusivo de testosterona por jovens em academias esportivas espalhados pelo país. Esta é uma forma criminosa do uso indevido do hormônio para fins puramente anabolizantes. São jovens que estão a procura do aumento da massa muscular para fins competitivos ou até mesmo, por narcisismo e acabam tomando doses muito acima dos níveis fisiológicos. Gosto sempre de frizar que este mau uso pode levar a seqüelas graves como infertilidade e eventos cardiovasculares e que muitas vezes, podem ser irreversíveis.

Outro fator bastante controverso e debatido é a possível associação entre reposição de testosterona e câncer de próstata. Gostaria de deixar bem claro de que a administração de testosterona em homens com DAEM não causa câncer de próstata e já existem várias pesquisas clínicas que comprovam este fato. No entanto, caso o homem seja portador de um tumor maligno da próstata, mesmo que incipiente, este poderá progredir às custas da reposição. A minha mensagem e sugestão são de que sempre que seja iniciada a terapia com hormônio masculino, deverá ser investigada sobre a possibilidade ou não da presença de câncer de próstata. Isto deve ser feito com a dosagem sanguínea de antígeno prostático específico (PSA), toque retal e em alguns casos, biópsia de próstata. Depois de afastado qualquer chance de ter câncer de próstata é que devemos iniciar a terapia de reposição.

A reposição poderá ser feita de três maneiras: oral, transdérmico (pela pele) através de adesivos ou géis e intramuscular. A forma oral, através de comprimidos não apresenta resultados satisfatórios, pois a concentração no sangue, do hormônio fica aquém do desejado.

O sistema transdérmico apresenta resultados eficazes embora não tenhamos, no momento, nenhuma forma comercializada disponível no Brasil, apenas por manipulação. A apresentação que eu mais prescrevo aos meus pacientes é a injeção intramuscular. Recentemente, foi lançada no Brasil uma testosterona sintética administrada através de injeção intramuscular a cada 12 semanas (3 meses). É muito bem tolerada e os resultados tanto clínico como laboratoriais tem sido bastante satisfatórios.

Os efeitos colaterais mais freqüentemente observados incluem: acne, aumento do número de células vermelhas no sangue (policitemia), alterações dos lípides sanguíneos, emocionais e do humor. Por esta razão, a reposição deve sempre ser realizada e monitorada por um médico especialista.

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